Capitulo 3

Capítulo III
         
          —Ele é um mago muito poderoso e sábio. Não se sinta intimidado pela presença dele, provavelmente ele lhe fará muitas perguntas.
                Resolveram esperar por ele para almoçar. Lissa sabia que ele estava perto porque podia sentir a presença dele, devido a um feitiço de localização. Drake estava apreensivo, pois não tinha certeza de que o mago o trataria tão bem ele quanto ela tratou. Afinal, se ela era mesmo como uma filha para ele, provavelmente não veria com bons olhos o fato dos dois terem passado tanto tempo juntos, ainda mais sozinhos. Só restava esperar pra ver.
                Conforme Lissa explicara, o grande pinheiro era oco, e por meio da magia eles podiam abrir o tronco e descer em uma espécie de elevador. Quando sentiu que seu mestre estava próximo o suficiente, Lissa vestiu um grosso casaco, feito com pele de lobo, e subiu pelo elevador para explicar a situação a ele. Enquanto isso, Drake ficou esperando ansiosamente, andando de um lado para outro em frente à lareira.
                Depois de um tempo que pareceram horas, o elevador finalmente começou a descer, o que apenas aumentou a ansiedade dele. Quando a porta se abriu, ele ficou espantado com a aparência do mago. Geralmente os magos mais sábios seguem um padrão: um rosto enrugado, de quem já viu muitas coisas nesta vida, cabelos e barbas enormes, uma longa túnica e um cajado. Esse modelo não poderia estar mais errado.

                A sua frente estava um homem que não aparentava mais que 40 anos, e seu porte físico mais parecia o de um guerreiro do que qualquer outra coisa. Usava roupas de um viajante comum, com botas de cano longo sujas de lama.
                —Olá, creio que você seja Drake. Prazer em conhecê-lo, sou Anderys Rätzo.
                —Olá, sou Drake Hollster – disse, meio sem jeito.
                —Lissa me contou algumas coisas sobre você. – viu cara de espanto do hospede e acrescentou: — Vejo que surpreendi mais uma pessoa, no final das contas. Só faça o favor de não me subestimar. Geralmente não esperam grande coisa de mim como mago, já que nem de longe lembro um. Não costumo perder tempo provando que as pessoas estão erradas, uma hora elas descobrem, mesmo que seja da pior forma possível. Não creio que será este seu caso.
                — De forma alguma, sei bem que não podemos julgar as pessoas baseadas apenas na aparência. Os melhores soldados que tive sob meu comando foram justamente que todos pensaram que morreriam na primeira batalha.
                —Fico feliz em ouvir isso. Vamos nos preparam para o almoço agora, depois da refeição conversaremos melhor.
                Cada um se retirou para seu aposento. Dentro de poucos minutos, a mesa estava posta, e ele descobriu o motivo de tanta ocupação de Lissa pela manhã. Na mesa havia uma refeição digna de um banquete de Rei.
                O almoço transcorreu sem muitas conversas. Ao final, Anderys se levantou e chamou os dois para seus aposentos. Era um ambiente confortável. Havia uma lareira, já acessa, e também uma mesa com algumas cadeiras, muito parecidas com as da biblioteca. Havia também uma porta ao fundo, que dava acesso ao quarto.
                O mago pegou uma garrafa de hidromel e serviu três copos.
                —Fiquem à vontade. – após todos pegarem seus copos e sentarem, ele retomou a fala – Você me parece ser uma pessoa fora do comum. Não é qualquer um que possui um dragão de estimação.  
Drake engasgou com a bebida. “como ele pode saber disso? Não contei isso para Lissa”.
— Como você sabe? –perguntou, com um misto de surpresa, medo e indignação. Lissa olhava pra ele, com um ar curioso.
—Eu sei muitas coisas. Mais do que você imagina. —limitou-se a dizer, bebericando mais um gole.
—Então era isso a presença estranha rondando a montanha. —disse Lissa. — Estava preocupado, cada dia a presença estava mais perto. Porque não me contou?
—Não achei oportuno. As pessoas costumam querer toma-lo de mim. Não preciso dizer que não conseguiram.
Rätzo soltou um leve riso e comentou:
—Não tenho interesse em tomar o seu dragão. Eu tive um filhote de dragão branco há muito tempo atrás, mas era muito trabalhoso. Você sabe que a única forma de fazer um dragão crescer é alimentá-lo com energia mágica, muita energia magica.
— Esse é o meu principal desafio. É muito difícil conseguir energia mágica quando não se é um mago. Então eu passei todos esses recolhendo a energia dos anéis dos magos que morreram no campo de batalha, mas ainda falta muito para que meu dragão, o Sombra, chega a ser adulto.
—É um bom método esse, mas eu consigo pensar em formas melhores. Se não for pedir muito, conte-nos um pouco sobre a sua vida. – disse Anderys, se servindo de mais um copo.

— Claro, mas se preparem, pois é uma longa história.